Vida nova

Vincent van Gogh Afternoon Siesta

Vida nova

Certo dia dormi e quando acordei notei que tinha voltado a viver, mais um dia tinha que ser vivido de maneira produtiva ou não, mas tinha que ser vivido.

A vida diria é feita de pequenas vidas e mortes, pois toda noite quando dormimos, para onde vamos ou o que fazemos?

E todo dia quando amanhece nós renascemos para uma nova vida.

Uma vida que deve ser vivida a despeito de todas as diversidades e percalços.

E chegará um dia em que ao levantarmos pela manhã nos daremos conta de quantas vias já vivemos, e que ainda nos restam algumas a serem vividas.

E é esta consciência que nos faz aproveitar a cada dia como se fosse ser o ultimo, a ultima vida a ser vivida.

Pois só podemos nos arrepender verdadeiramente sem sermos hipócritas com nós mesmos e com os outros, do que nós não fizemos e gostaríamos de ter feito.

E naquele momento exato que olhamos para traz, e nos damos conta do que produzimos ou não, é que julgamos a nós mesmos e que proferimos a mais dura das sentenças, pois o juiz que nos julga não pode ser enganado.

E a pena imposta nos acompanha pelo resto de nossos dias como uma angustia a nos apertar o coração, com a certeza de não termos mais tempo suficiente para realizarmos tudo o que poderíamos ter realizado e não o fizemos.

pois a cada dia que o sul se põe, foi uma vida perdida que não poderá ser recuperada jamais.

E a cada vida nova que nos é dada ao amanhecer, também é nos dada a oportunidade de fazermos a nos mesmos e aos outros mais felizes.

Fabiano Nicolau Cramer

em: 21.10.1997.
www.cramer.pro.br